O fim do mundo

Um dia, acordou com vontade de tudo.

Vontade de viver, de cantar, de ler todos os livros comprados no sebo que serviam de refeição as traças, talvez escrever aquele primeiro capítulo do livro (o primeiro parágrafo já estava bom), quem sabe fazer a meditação diária que passou a ser anual, comer devagar e pouco, de todas as vontades escolheu para iniciar o dia a tal da caminhada.

- Quarenta minutos são suficientes – disse o médico.

Vestiu roupa adequada, tênis de caminhada e tudo.

Na saída da casa olhou para um lado, olhou para o outro. Virou para o sol e foi. Iniciou a jornada, caminharia até obter o tal autoconhecimento. Caminhou tanto que chegou no fim do mundo: as suas próprias costas.